sexta-feira, 16 de julho de 2010

Há 30 anos, walkman fazia a música andar...

Tô meio atrasada para esse post. Mas ele é um ícone de nossa geração e, do jeito que os lançamentos demoravam de chegar no Brasil na época, é bem capaz que aqui ele (o walkman) tenha apenas 30 mesmo.

"Todo mundo vê um desses todos os dias: fone plugado no ouvido e olhar perdido, ele emite um som que fica entre o "pxxx pxxx pxxx" e o "tsss tsss tsss". Do lado de lá, o chiado é o que sobra para o mundo da música favorita dele, o olhar perdido é fruto da imersão e o som está bem alto. Se daqui ele tem jeito de zumbi surdo, de lá é o mundo que parece dormente e mudo. As pessoas podem ser divididas entre quem ouve música no talo e quem ouve o ruído gerado pelo vazamento do som - que, diga-se, é bem irritante. No metrô de São Paulo, nos vagões que têm televisão, uma campanha pede aos usuários que controlem o volume do toca-MP3 para não incomodar o resto do mundo. Para a pessoa com fone de ouvido, esse resto do mundo tem um quê de cenário; a música, é trilha sonora; e ele, bem, é o protagonista. O tocador de música portátil, esse dispositivo capaz de transformar o dia em uma espécie de trecho de filme, virou ícone dos ensimesmados e símbolo desta geração que supostamente sofre de excesso de individualismo. Acontece que a ideia de submergir em uma trilha sonora individual tem 30 anos. Já atravessou, portanto, algumas gerações - provavelmente cada uma delas, a do walkman, a do discman ou a do iPod, foi acusada pela anterior de ser individualista demais. O walkman foi lançado em 1979. Anunciado em 21 de Junho, começou a ser vendido no Japão em 1º de Julho. Já havia toca-fitas portáteis. Mas eram mais usados como gravadores; eram caros; e os fones, pesados demais para serem levados por aí. O fone perdeu peso - foi de 400 para 50 gramas - e suas funções foram limitadas."

Heloisa Lupinacci, de O Estado de S. Paulo

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