sábado, 23 de outubro de 2010

Lealdade consigo!

Se o título deste tópico tivesse uma vírgula entre essas duas palavras, o assunto seria outro. Mas quero mesmo refletir aqui sobre o compromisso que assumimos com quem somos durante nossas vidas.


Esse assunto voltou a minha mente após uma passagem pelo Trem noturno, que ia mais ou menos assim:



As exigências da vida, todas as coisas com que temos de nos confrontar e ultrapassar, são simplesmente numerosas e poderosas demais para que os nossos sentimentos possam superá-las incólumes. Por isso, o que importava para ele era lealdade. Segundo ele, lealdade não era um sentimento, e sim um desejo, uma decisão, uma opção da alma. [...] lealdade consigo próprio. Uma espécie de compromisso de não fugir de si próprio. Nem na imaginação, nem na realidade. A disponibilidade para se assumir, mesmo quando não gostamos mais de nós [grifo nosso].

Pascal Mercier, Trem Noturno Para Lisboa - 2010, p.228

A verdade é que talvez esse seja o mais difícil dos compromissos...

Quando crescemos, o amor que temos por nós mesmos é posto a prova por cada decepção, quebra e escolha que somos obrigados a fazer em nome do conforto ou da convenção social. Fica cada vez mais difícil sermos leal a quem vamos nos tornando. Parece que volta e meia nosso eu adulto está pronto para apunhalar aquele eu adolescente cheio de planos e valores pelas costas.

Então como não desgostar de nós por um tempo? E desgostando, como não nos abandonar por completo, se acomodando num estado de repulsa e inercia?

Eu realmente não tenho uma resposta definitiva, mas vou dando meu jeito rsrs. Pode parecer brincadeira o que vou dizer a seguir. Mas, penso que assim como temos uma aliaça para selar um casamento poderiamos criar um símbolo de união com nós mesmos, hãn? Uma coisa para nos lembrar que não importa o que aconteça, defederemos nossas escolhas e posição.

Eu mesma, tenho o (talvez) estranho costume de me dar presentes no aniversário, natal e em outras ocasiões especiais. Não abro mão! Aprendi com minha mãe. Ela dizia que era uma forma de mostrar para si mesma que trabalhamos duro e merecemos. Mas no fundo é mais do que isso. É uma auto afirmação de que, não importa o quão dura seja a vida, não importa o quão sozinha você pense que está, você EXISTE não irá se abandonar.

Compro, embalo, e abro no dia. Às vezes é uma viagem ou um dia num salão, mas mesmo assim faço como se desse um presente para alguém. É um gesto simbólico, eu sei. Mas, me ajuda a lembrar do compromisso comigo.

Esse ano já escolhi, há meses, meu presente. Será um box, daquele, dos 15 anos Friends. Logo, logo ele deve estar chegando.

As vezes pode não ser necessariamente um presente, mas um tempo que invariavelmene decicamos a nós mesmos. Um turno na semana, uma hora por dia. Seja como for um tempo só nosso, para nos ajudar a lembrar que somos gente complexa, não apenas um reflexo de um instante...

Enquanto me preparava para escrever aqui, lembrei do meu presente de 2009. Foi um box do Sex and the City. Sabe, na 6a. temporada tem um episódio que se encaixa aqui. Há tempos queria postá-lo, mas agora parece o momento exato. Fiz uns cortes para caber no blog.

Nele, Carie questiona por um momento suas escolhas frente as escolhas de uma antiga amiga, mas mesmo assim, não abandona a si. Espero que gostem.

Finzinho fútil para um post supostamente profundo, hein?


sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Em paz absoluta no meu Inferno Astral

Quando era mais jovem sempre estava exausta no mês de outubro, geralmente meio deprimida. Aí lá pelos 14 anos fase que adorava astrologia descobri que o período geralmente coincidia com o meu tal "Inferno Astral".

Você conhece o conceito? Acredita?

Caso não creia em astrologia, o que hoje eu acho perfeitamente justificável rs, considere um fator por um momento.

O chamado Inferno Astral é em geral o período de 40 ou 30 dias que antecede o seu aniversário, ou em termos astrológicos os dias que precedem a passagem do sol pelo seu signo outra vez.

Sendo assim, inferno Astral nada mais é que um fechamento de ciclo, uma fase em que em geral estamos mesmo olhando para trás e fazendo um balanço sobre o que vivemos no ano que passou.

Inferno Astral ou não, desde o meio de outubro estou mesmo mais aliviada, parece que fechei o ciclo. Teoricamente deveria estar no auge do meu Inferno Astral (13 de outubro à 12 de novembro), mas a verdade é que estou em paz.

Passei tanto tempo esse ano refletindo sobre a importância da vida, da saúde, da família que é a primeira vez que chego em outubro com essa sensação. Não é que eu esteja feliz, nem bem resolvida, muito menos esbanjando saúde. Mas a verdade é que estou em paz com minha condição atual. Simplesmente isso!

Reflexões de Prado

"Por que não comecei antes? Não estamos atentos quando não escrevemos. Mal sabemos que somos. Sem falar quem não somos."


Pascal Mercier (Trem noturno para Lisboa, 121)




Com essa citação quero inaugurar o conjunto de reflexões interessantes no Trem noturno.

Quando disse no último tópico que esse blog era quase um trem noturno para mim, era bem à isso que me referia.

Isso que começou como uma brincadeira, está aos poucos se tornando uma ferramenta interessante para pensar sobre mim mesma, o que me move e comove nesta etapa da vida. Mesmo o que não está, nem pode ser escrito, é exercitado e avaliado em pensamento.

Eu nunca tive diário, sempre considerei uma perda de tempo tentar anotar tudo que me acontece. Mas entendo, agora, que um exercício de escrita sobre si é mais que bem vindo. Vai ver por isso me identifico tanto com o Guarda Livros do Livro do Desassossego... Vai ver por isso ainda não releguei o Trem noturno de volta a minha estante. Quero ler sobre quem como eu também se propõe a pensar sobre si durante a escrita, sem necessariamente redigir uma biografia.

Você ainda não tem um blog?

Recomendo escrever um!

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Esse blog é para mim quase um Trem noturno para Lisboa...

Já faz muito tempo, acho que na época estava indo para Recife e vi este livro no aeroporto. Na ocasião estava lendo a Fundação e por isso, apesar de ter achado a sinopse interessante, resolvi economizar os 50 reais.

Não deve ter passado uma semana vi a resenha do livro na IstoE. Resolvi que o compraria depois que lesse a Fundação por completo. Mas, no meio do caminho apareceu O mudo pós aniversário, Talvez uma história de Amor, Jardim de cimento, Amor para Sempre, Emma, Retrato de uma Senhora, Alice, O livro do desassosego e nem lembro mais quantos...

Ou seja, deve fazer pelo menos uns 8 ou 9 meses desde que deixei o livro em Recife com a promessa de comprá-lo em breve.

Esses dias, indo para São Paulo, não tinha nem um livro novo em casa para levar. Tanta coisa aconteceu entre setembro e outubro que nem me lembrava de ter ido a livraria desde antes da cirurgia... Resolvi que compraria algo no próprio aeroporto.

O entrar na livraria lá estava ele a minha espera. Um único exemplar!
Ainda vacilei pensando se seria o momento de lê-lo, mas terminei levando.

Ainda não terminei o livro. Confesso que ele não me ganhou 100%. Acho que em algumas partes Pascal Mercier exagera no drama sobre fatos que julgo cotidianos ou um tanto ordinários.

Mas há muitas passagens do livro de Prado (um livro dentro do livro) que são verdadeiras pérolas!

Enquanto crio coragem para transcrevê-las e comentá-las segue a orelha do livro:

Trem noturno para Lisboa se tornou fenômeno editorial na Europa, principalmente na Alemanha — onde ultrapassou a marca de dois milhões e meio de exemplares vendidos e ficou anos nas listas dos principais veículos —, TREM NOTURNO PARA LISBOA extrapolou as fronteiras da literatura. desde que foi publicado em 2004. Terceiro romance de Pascal Mercier, na verdade o professor de filosofia Peter Bieri, ganhou ares de expressão idiomática, usada para designar mudanças de vida. Mercier cria um personagem emblemático, o português Amadeu do Prado. Herói literário com o único objetivo de retratar seu criador. Invenção tão perfeita, que, nos últimos anos, muitos estrangeiros se deslocam para terras lusitanas em busca do escritor fictício. Raimund Gregorius, professor de línguas clássicas em Berna, se levanta no meio da aula, abandona a sala e toma um trem para Lisboa. Em sua bagagem está um exemplar de reflexões filosóficas escrito pelo médico português: Amadeu de Prado. Fascinado pelo livro, Gregorius decide investigar o autor. Em sua viagem encontra pessoas que ficaram marcadas por seu relacionamento com esse homem excepcional, que o conheceram como médico, poeta ou combatente da ditadura. Tudo começa numa manhã chuvosa, quando Raimundo Gregorius, um homem culto, professor de línguas clássicas, impede que uma mulher se jogue de uma ponte em Berna. O professor se encanta com os sons do balbucio incoerente da suicida. Ao questionar que língua é aquela, fica sabendo se tratar do português. Hipnotizado pela musicalidade do idioma, acaba por comprar um livro do autor português Amadeu Inácio de Almeida Prado, intitulado Um ourives das palavras. Uma reflexão sobre as múltiplas experiências da vida: solidão, finitude e morte, amizade, amor e lealdade.

Fascinado por Prado, Gregorius tenta compreender o misterioso escritor, um médico que morreu 30 anos antes.

A obsessão o faz largar sua rotina bem organizada e pegar o trem noturno para Lisboa. Numa descoberta do outro que acaba por ser uma descoberta de si próprio. Ao longo das investigações que o levam pelas vielas da capital portuguesa, ele encontra pessoas que conheceram Prado. E constrói a imagem de um médico e poeta admirável, que lutou contra Salazar. Gozou de enorme popularidade até salvar a vida de um oficial da polícia secreta. Depois disso, as pessoas que o veneravam passaram a evitá-lo. Na tentativa de se redimir, trabalhou para a oposição clandestina.

Gregorius se descobre antítese de Prado, um homem inquieto, capaz de desafiar os pontos de vista ortodoxos.

Agora, através de sua influência póstuma, o prudente professor é impulsionado a mudar. Mas o que significa conhecer outra pessoa, compreender outra vida? O que significa para o conhecimento de nós mesmos? É possível fugir da rotina?

Este romance é uma epopeia multifacetada de uma viagem através da Europa e do nosso pensar e sentir.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Zoladex: Balanço Quinzenal 2

Ok, Gente...

Passei muito tempo sem postar.
Muita coisa acontecendo além do meu controle...

Mas, promessa é divida. Assim, vamos ao segundo balanço quinzenal sobre o uso do Zoladex!

Bom, agora a história é outra. Acho que o medicamento já começou a fazer efeito por que agora estou começando a me sentir na menopausa.

1- Perdi a conta dos enjoos matinais;
2- 1 dia de dor de cabeça absurdamente intensa;
3- Segundo sangramento similar a menstruação de uma adolescente durante 5 dias.
4- Calores, muitos calores!


Gente, os calores são um capítulo a parte!

Eles acontecem de dois tipos:

No primeiro caso parecem calor mesmo e duram uns 10 minutos. Esses são suportáveis e nos fazem suar. Ventilador e água aliviam.

No segundo caso vem como uma onda, é como suar frio, mas quente. Você sente a pressão baixar mas o calor inunda e vem de dentro do peito irradiando para todos os cantos. Ventilador e água não adiantam, o consolo é que esses duram 2 ou 3 minutos.

Já aprendi que roupas nesse período devem ser em camadas, para serem tiradas e colocadas conforme a necessidade. Meia calça? Passe longe, você não vai querer saber como é, acredite!

A dieta da nutricionista chegou já tem mais de uma semana mas não tive a mínima condição de voltar lá para questionar. Veio bem radical... Por isso continuo comendo de tudo e mantendo o mesmo peso. Vamos ficar de olho!

Até daqui a quinze dias quando venho divulgar mais um capítulo desta história.
Tu tens um medo:
Acabar.
Não vês que acabas todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo o dia.
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.
Para meu avô....

E então serás eterno.

Cecília Meireles

sábado, 9 de outubro de 2010

Maquear (às vezes) é tudo!

Estava agora mesmo assistindo à TV e vi pela terceira vez o comercial da nova linha da Natura: Natura UNA.

Gente! Três vezes me arrepiei com esse comercial!

É incrível como o cuidado com si mesmo tem esse efeito. E, e como o valor cultural deste cuidado estético provoca em nós um certo orgulho ritual.

Bom, acho que essa é a melhor forma que tenho para descrever o que se passa no meu corpo e mente quando vejo essas imagens. O mesmo vale para uma outra peça da Boticário de anos atrás.

Vai ver são os trinta chegando... Pois, já tem um certo tempo que a maquiagem é para mim um ritual cheio de valores sociais. É, vezes vestir uma armadura, vezes empunhar uma arma. Mas, com certeza, já há muito tempo, deixou de ser uma brincadeira despretenciosa.

Seguem os vídeos: