Carta para Anônima sobre o Zoladex

Oi Anônima,

Ia fazer deste um comentário lá no Post que você escreveu. Mas achei melhor transformar ele numa carta pública à todas que como você e eu se assustaram com a medicação no primeiro momento.

É bem complicado, eu sei que com o que a gente lê por aí fica bem assustada. Mas vou lhe dizer de coração, não é impossível passar por isso. Não é tão difícil assim. É só aceitar nossa limitação momentanea, pensar para frente e se cercar de gente que nos ama.

Uma tia minha, que tem um marido com problemas de fertilidade, me deu o seguinte depoimento sobre a questão da gravidez.

"Sinto que ele se arrepende de não termos tentado mais (tentaram duas fivs que mexem com os hormônios de um jeito absurdo). Mesmo com os meninos tendo sido criados como filhos dele também (ela tinha dois filhos bem pequenos quando eles casaram), sinto que ele sente falta de ter tido a experiência. Então, tente, tente enquanto você aguentar e quiser. Para não passar a vida pensando no que poderia ter sido." No caso deles ele resolveu parar por que via como ela ficava mal com os hormônios, mas por ela eles tinham continuado...

No nosso caso, vai muito além disso. Tomar o Zoladex é uma questão de saúde. Qual seria a outra solução que você está considerando? Passar por outra cirurgia e remover seus ovários de uma vez, essa é a saída? É preciso reduzir os focos e para isso é preciso cortar a produção dos hormônios. Mas, lembre uma coisa: removendo os ovários você vai sentir os mesmos efeitos do medicamento, só que em definitivo até puder fazer reposição hormonal.

Não fazer as injeções ou injeção é manter as bombas relógios que temos dentro de nós próximas de explodir. E, desse jeito elas podem evoluir mais rápido para novos tumores.

Então, mesmo que você considere a adoção no futuro, como eu também considero, nesse momento você tem que pensar no tratamento para você e acredite: esse é o melhor caminho!

É muito difícil engolir tudo isso, diagnóstico, cirurgia e depois as injeções. Eu bem sei... Mas lhe digo: é possível. E, digo mais, tem um lado bem nisso tudo: você vai mudar sua vida depois disso. Mudamos a forma de pensar sobre nós mesmos, passamos a valorizar mais as pessoas que realmente se importam conosco, mudamos nossas prioridades, aprendemos sobre nossos limites e força. Enfim, praticamente uma novela das 8h rs.

Eu tô levando bem os sintomas. Claro que com os sustos que você já leu aqui. O que eu aconselho é que você não esconda o tratamento de ninguém. Avise inclusive a seus chefes e colegas de trabalho se esse for o caso, para que as pessoas estejam preparadas.

Quanto a dividir o medo. Fique a vontade para passar aqui e conversar. Estarei sempre aberta para trocarmos uma ideia e oferecer um ombro virtual.

Ficarei na torcida para você vencer o medo e se cuidar. Você vai ver, é uma experiência enriquecedora.

Qualquer coisa tô aqui.

Abraços,

Wendy