
Taí 15 dias bem difíceis!
A título de referência começo a contar esses 15 dias no dia 29 de outubro.
Lá pelo dia 01 de novembro comecei a achar que os calores estavam reduzindo. As ondas estavam ficando cada vez menos frequentes e ao mesmo tempo gradualmente mais suportáveis.
Percebi que me sentia mal sempre que acelerava ou fazia um esforço maior e pude começar a controlar isso.
Comecei a concentrar-me em ajudar meu namorado que passaria por uma grande prova no dia 05 de novembro.
Trabalhávamos juntos noite após noite. E, na véspera da apresentação viramos a madrugada. Ele estava uma pilha, pressão alta, estresse. Fiquei tensa pela saúde dele... Enfim, foi uma noite daquelas. Ficamos sem comer das 19h de quinta às 16h de sexta. Privação de sono e de alimento. Ambos estávamos aos cacos quando tudo terminou.
Fomos dormir às 17h de sexta e ao que me lembre pela primeira vez em muito tempo dormi uma noite inteira sem sofrer com os calores. Acordamos as 8h no sábado e saímos para dar uma volta.
Após muito engarrafamento, tentei parar o carro em uma ladeira do centro histórico. Estacionei como de costume, mas na hora de sair, um medo sem medida tomou conta de mim.
Respirei fundo, tirei o carro, dirigi mais alguns metros. E, finalmente, tive que parar e entregar o carro para ele.
Eu não sabia, mas começava ali a primeira crise de pânico da minha vida.
Pegamos mais engarrafamento, e o medo foi crescendo, uma angústia terrível. Ele não entendia, então discutimos o que só piorou a situação. Tudo o que eu queria era sair do carro, mas ao mesmo tempo tinha pavor de sair.
Ele parou o carro em um estacionamento perto do Dique, uma espécie de parque aqui em SSA. Ia buscar água para mim, mas eu não queria ficar só. Ficamos uns 15 minutos parados e a sensação não passava. Eu chorava compulsivamente como se algo terrível estivesse na eminencia de acontecer.
Ele me convenceu a irmos para casa de minha mãe (que era o ponto seguro e confortável mais próximo dali). Enquanto ele dirigia a sensação que eu tinha é que ia morrer ou queria morrer, sei lá... a verdade é que é terrivelmente indescritível.
Na casa de minha mãe, já deitada, comecei a me acalmar.
Aliviada, passei o resto da manhã tranquila e aproveitamos para fazer uma parada em um shopping antes de voltar para casa. A caminho de casa, enquanto ele corria um pouco com o carro, tive outra crise.
No domingo, pela manhã ao ir ao banheiro notei alterações nas fezes. Um liquido oleoso (aquelas bolhinhas tipo azeite sobre a água) laranja estava por todo o vaso. Ligue para um médico que me informou que era apenas bílis. Mas não adiantou, logo após o telefonema desatei a chorar e começar outra crise novamente.
Quando voltei a mim já estava mais do que decidida a procurar um psiquiatra. Eu não ia passar o resto do tratamento desse jeito. Ah, isso de jeito nenhum!
Peguei indicação de um compadre piscólogo e consegui um horário com um psiquiatra/psicólogo renomado já na terça seguinte.
A consulta foi uma história a parte. Mas o importante é dizer, como ele me alertou, que ainda que o pânico não estivesse entre os efeitos colaterais possíveis do zoladex, era mais que compreenssível que eu desenvolvesse tal estado. Segundo ele, todas as minhas armas para reduzir a ansiedade: exercício físico, meu relacionamento a dois, minha família, um drinque socialmente, a capacidade de estar bem para sair sozinha, tudo foi de uma forma ou de outra podado nesse momento. Logo, mesmo que não fosse obra da medicação ela com certeza estava pontencializando meu estado nesse período delicado para mim.
Saí de lá com uma receita de Rivotril sublingual 0,25mg. Para mim não foi muita novidade por que conheço muita gente que faz uso desse medicamento. A grande novidade foi o preço: 30 comprimido custam só R$4,30. Finalmente uma medicação barata, rs!
Do psiquiatra fui direto tomar a terceira injeção. Logo quando entrei a enfermeira perguntou como eu estava, se estava me sentido deprimida e explicou que quando as meninas vem tomar a terceira dose esse é geralmente o sintoma que elas apresentam.
Ainda bem não deprimi!
Estou "apenas", nas palavras do psiquiatra, sob um "estado de ansiedade intenso".
A enfermeira ainda falou para eu me cuidar pois, assim como disse a primeira que me aplicou a injeção, no meu caso geralmente são seis doses. Como já tinha me acostumado com essa possibilidade não me abalei. Tomei minha injeção e fui jantar com minha mãe e avó.
Na quarta feira, dia 10, era a missa de 1 mês de falecimento de meu avô. Pela manhã enquanto ia resolvendo o cardápio do almoço, roupa para a missa e etc... senti outra crise vindo. Logo meu namorado sugeriu o comprido. Não tardou 10 minutos, estava bem novamente.
O Rivotril agora fica na bolsa. Mas, graças a Deus nenhuma outra crise nos últimos dias.
Pretendo continuar a terapia pelo menos enquanto durar o tratamento. Devemos reconhecer que precisamos de ajuda, não é mesmo?
No meio dessa loucura toda marquei consulta com os dois ginecologistas. O que me operou e o outro que é do Centro de Reprodução Humana aqui da Bahia.
Fiquei com medo de que eles quisessem pedir exames e não desse tempo de fazer e abrir processo para mais 3 injeções pelo Estado. Então liguei para meu médico para saber qual seria o procedimento dele.
Para o meu espanto, por telefone ele me disse: Não vamos fazer mais injeções vamos apenas colocar o Mirena. E, não adianta marcar consulta agora, pois seus órgãos estão atrofiados pelo uso do Zoladex. Nos vemos no fim do mês.
Como eu não quero o Mirena mas sim um implante, mantive a consulta com o outro médico e desmarquei com ele. Prometo que ainda essa semana conto o por que da minha negativa em colocar o tal diuzinho.
Ps: A pedido de Fernanda, quero acrescentar que, apesar de parecer um bicho de sete cabeças, é possível ficar bem e sair feliz em um tratamento como esse. Acho que a chave para minha serenidade e visão positiva sobre tudo que estou passando é que sempre estou afirmando para mim que esse é apenas o efeito de um medicamento, é algo passageiro. A doença, assim como a saúde não me define como pessoa. Eu sou muito mais que isso! E é por ser muito mais que não vou deixar que isso me vença, ainda que momentaneamente.
Ê post grande.... rsrsrs