quinta-feira, 2 de junho de 2011

O não dito



É incrível como a idade nos ensina o valor das coisas não ditas...


Podem ser palavras escondidas nos discursos inflamados ou insonsos. Podem ser ideias veladas por expressões mais ou menos enigmáticas. Não importa! Elas simplesmente estão lá.


Incomodam, não encontram espaço, ou em um outro estágio ainda não se sabem palavras ou ideias.


Elas só encontram sua essecência naqueles que tem idade, tempo e paciência para escutá-las. É preciso muito para ouvir o não dito. E, nele, compreender o outro, o jogo estabelecido, o sentido oculto até mesmo para quem ousou proferí-lo.


Ouvir o não dito se aprende, mas não se ensina.


Lembro que em minha juventude não foram poucas as vezes que vi meus professores de atropologia e metodologia nos alertarem para a necessidade de desenvolver essa capacidade. "O segredo, a resposta, está no não dito" eles diziam. Entretanto, por mais que o dissessem, nunca revelaram as minuncias dessa escuta.


Escutar o não dito não se aprende com palavras, mas sim, com o silêncio. É preciso calar para ouvir além. É preciso despir de suas próprias palavras e implicar-se no universo do outro para realmente escutá-lo. Mas, é, sobretudo, preciso anos para realmente compreender o valor desse significativo sacrifício.

Um comentário:

  1. Achei muito bom esse post. Imagino que depois desses anos você tenha desenvolvido muito essa escuta do não dito.
    O difícil neste caso é ter dificuldade de validar nossas suposições sobre o não dito e assim chegar a conclusões equivocadas.

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